Cesta - Trançado em andamento
TRANÇANDO A SOMA DE VIDA E ARTE
Nas mãos que trançam a palha, a soma de vida, arte e culturas, numa declaração de amor pela natureza. Assim é Denys Toquetti, um artesão que consagra sua criatividade a uma técnica que, além de arte, é jeito de fazer com que várias vozes se convertam em uma só, somando influências, vivência e sentimento. Na palha de coqueiro, surgem formas, tramas, objetos que vão desde uma rosa até uma bela e complexa mandala, passando pelos úteis chapéus e belas luminárias, além de arranjos em formatos infinitos.
Mandala com estrutura de bambu
“Antes de mais nada , é preciso amar aquilo que se faz, amar o trançado, a maneira como se vai fazendo”, diz ele, que aprendeu junto aos índios pataxós a arte do trançado. “Os índios dizem que, antes de sequer começar, a gente tem de conversar com o coqueiro, dizer a ele que vamos fazer um trabalho bonito, daquela palha que a gente tira dele”, assevera. Daí surge uma infinitude de formatos, união do imaginário índio com influências africanas e asiáticas. Paulistano da Casa Verde, Denys é uma pessoa que pode falar de si com a matemática das distâncias. “Há vinte anos que viajo por esse Brasil; o que conheço é o que eu vi e senti”, diz ele, que, nessas viagens, teve seus primeiros contatos com aqueles que iriam influenciar sua arte. Contatos com artistas alternativos e, sobretudo, com os índios, que, a partir daí, começam a povoar sua mente para uma direção. De contínuo da Folha de S.Paulo a membro da Polícia do exército, um dia, depois de se tornar proprietário de um bar onde se aglutinavam diversas correntes artísticas – o famoso Lírios do Milênio, local de passagem de vários artistas, de diferentes gêneros e tendências, famosos e anônimos; mas era difícil encontrá-lo lá. Estava longe, em suas viagens e descobertas...
Figura de peixe, na lanchonete do SESC Campinas
Anéis porta-guardanapo
ENTRE OS PATAXÓS, A DESCOBERTA DA ALMA E DA ARTE.
PALHOTERAPIA – FIBRA VERDE
Para Denys, a arte não se presta somente ao encanto, mas é igualmente um instrumento de renovação, de redescoberta do eu, de encontro consigo mesmo. “Quando tranço, viajo, saio deste plano, escuto muito mais e sinto muito mais as coisas ao redor de mim; após um dia de trabalho, volto à música e me entendo melhor”. Ele criou o conceito que se chama “palhoterapia”, onde o trançado se presta à renovação, a fazer as pessoas se sentirem melhor e mais antenadas com a natureza e com o mundo. “Fazer as pessoas se resgatarem, voltarem a se compreender, no processo de criação, de imaginação”, diz. De volta de sua viagem ao México, pretende começar oficinas e cursos pra demonstrar esse conceito, que promete muito interessante, uma tendência a se firmar no nosso universo de arte e cultura. “É uma coisa simples, mas que alcança uma grande profundidade”. Ele já tem idéias para estender esse projeto objetivando um público variado, que pode abranger desde crianças até a terceira idade. “Não há momento ou tempo certo pra começar, apenas a vontade, a imaginação e uma faquinha de pão”, finaliza.Folhas trançadas e cestas



